Além de Darwin: ensaio sobre ciência e vida
Além de Darwin: ensaio sobre ciência e vida
- EditoraEDITORA CONTRAPONTO
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Cinco eventos, distribuídos em cerca de cem anos, alteraram profundamente o nosso entendimento da vida: a publicação de A origem das espécies em 1859, a descoberta do artigo de Mendel em 1900, a síntese moderna na década de 1930, a apresentação da estrutura do DNA em 1953 e a descoberta do modo como os organismos produzem as proteínas, no início da década de 1960.
Foi uma trajetória muito diversa, tanto em termos de disciplinas quanto de métodos. Darwin usou largamente observações de campo, analogias e comparações anatômicas para propor sua grande teoria. Mendel e Bernard seguiram estritamente as regras canônicas do método experimental. Pasteur conduziu experiências que ultrapassavam o horizonte teórico de sua época. Pearson criou a estatística moderna ao estudar a teoria da evolução. Fisher e Wright trouxeram para a genética os raciocínios abstratos da matemática. Schrödinger mostrou que a física tinha muito a dizer sobre a vida. Avery descobriu que a molécula portadora da informação hereditária não era uma proteína, como todos acreditavam, mas um ácido, com uma estrutura surpreendentemente simples. Pauling unificou a física quântica e a química, com grande impacto sobre a biologia. Crick e Watson reuniram resultados parciais obtidos ao longo de quase um século e trabalharam com tentativa e erro para decifrar a estrutura do DNA. Perutz precisou de 31 anos para descrever a hemoglobina. Cannon, Maturana e Varela inventaram conceitos. Shannon abriu o continente da informação. Vernadsky observou a vida por um novo ângulo, como um fenômeno cósmico. Jacob e Monod decifraram mecanismos celulares fundamentais. Prigogine viu que as prosaicas "células de Bernard" nos ajudariam a compreender a relação entre entropia e vida. Wiener e Bertalanffy aproximaram engenharia e biologia, criando a cibernética. Gould formulou uma nova teoria em paleontologia. Noether e Franklin realizaram trabalhos decisivos, uma em matemática, outra em cristalografia, mas, sendo mulheres, pagaram o preço por brilhar num mundo de homens.
Uma descrição abrangente desse processo, começando muito antes de ele tomar forma, ocupa a primeira parte do livro. A segunda parte expõe a gênese e o desenvolvimento de conceitos de origem não biológica, mas essenciais para compreender a vida: regulação, entropia, informação, complexidade, causalidade, probabilidade, forma e simetria. A terceira, enfim, discute o retorno do criacionismo, agora com roupagem científica, e reflete sobre a possibilidade de irmos além de Darwin. Responde a uma pergunta fundamental: precisamos de metafísica para entender a vida?
"Estimulado por uma conversa preliminar com um biólogo", escrevi na Apresentação, "resolvi reunir uma parte do esforço do pensamento contemporâneo, organizá-la e comentá-la, deixando fluir livremente o diálogo entre as disciplinas científicas e entre ciência e filosofia. Outros autores mais qualificados e mais bem equipados poderão avaliar a minha tentativa e, se for o caso, usá-la como apoio para desenvolvimentos melhores. Neste caso, meu esforço terá sido recompensado. Ele vem à luz para ser criticado."
Foi uma trajetória muito diversa, tanto em termos de disciplinas quanto de métodos. Darwin usou largamente observações de campo, analogias e comparações anatômicas para propor sua grande teoria. Mendel e Bernard seguiram estritamente as regras canônicas do método experimental. Pasteur conduziu experiências que ultrapassavam o horizonte teórico de sua época. Pearson criou a estatística moderna ao estudar a teoria da evolução. Fisher e Wright trouxeram para a genética os raciocínios abstratos da matemática. Schrödinger mostrou que a física tinha muito a dizer sobre a vida. Avery descobriu que a molécula portadora da informação hereditária não era uma proteína, como todos acreditavam, mas um ácido, com uma estrutura surpreendentemente simples. Pauling unificou a física quântica e a química, com grande impacto sobre a biologia. Crick e Watson reuniram resultados parciais obtidos ao longo de quase um século e trabalharam com tentativa e erro para decifrar a estrutura do DNA. Perutz precisou de 31 anos para descrever a hemoglobina. Cannon, Maturana e Varela inventaram conceitos. Shannon abriu o continente da informação. Vernadsky observou a vida por um novo ângulo, como um fenômeno cósmico. Jacob e Monod decifraram mecanismos celulares fundamentais. Prigogine viu que as prosaicas "células de Bernard" nos ajudariam a compreender a relação entre entropia e vida. Wiener e Bertalanffy aproximaram engenharia e biologia, criando a cibernética. Gould formulou uma nova teoria em paleontologia. Noether e Franklin realizaram trabalhos decisivos, uma em matemática, outra em cristalografia, mas, sendo mulheres, pagaram o preço por brilhar num mundo de homens.
Uma descrição abrangente desse processo, começando muito antes de ele tomar forma, ocupa a primeira parte do livro. A segunda parte expõe a gênese e o desenvolvimento de conceitos de origem não biológica, mas essenciais para compreender a vida: regulação, entropia, informação, complexidade, causalidade, probabilidade, forma e simetria. A terceira, enfim, discute o retorno do criacionismo, agora com roupagem científica, e reflete sobre a possibilidade de irmos além de Darwin. Responde a uma pergunta fundamental: precisamos de metafísica para entender a vida?
"Estimulado por uma conversa preliminar com um biólogo", escrevi na Apresentação, "resolvi reunir uma parte do esforço do pensamento contemporâneo, organizá-la e comentá-la, deixando fluir livremente o diálogo entre as disciplinas científicas e entre ciência e filosofia. Outros autores mais qualificados e mais bem equipados poderão avaliar a minha tentativa e, se for o caso, usá-la como apoio para desenvolvimentos melhores. Neste caso, meu esforço terá sido recompensado. Ele vem à luz para ser criticado."
Características | |
Autor | César Benjamin |
Biografia | Cinco eventos, distribuídos em cerca de cem anos, alteraram profundamente o nosso entendimento da vida: a publicação de A origem das espécies em 1859, a descoberta do artigo de Mendel em 1900, a síntese moderna na década de 1930, a apresentação da estrutura do DNA em 1953 e a descoberta do modo como os organismos produzem as proteínas, no início da década de 1960. Foi uma trajetória muito diversa, tanto em termos de disciplinas quanto de métodos. Darwin usou largamente observações de campo, analogias e comparações anatômicas para propor sua grande teoria. Mendel e Bernard seguiram estritamente as regras canônicas do método experimental. Pasteur conduziu experiências que ultrapassavam o horizonte teórico de sua época. Pearson criou a estatística moderna ao estudar a teoria da evolução. Fisher e Wright trouxeram para a genética os raciocínios abstratos da matemática. Schrödinger mostrou que a física tinha muito a dizer sobre a vida. Avery descobriu que a molécula portadora da informação hereditária não era uma proteína, como todos acreditavam, mas um ácido, com uma estrutura surpreendentemente simples. Pauling unificou a física quântica e a química, com grande impacto sobre a biologia. Crick e Watson reuniram resultados parciais obtidos ao longo de quase um século e trabalharam com tentativa e erro para decifrar a estrutura do DNA. Perutz precisou de 31 anos para descrever a hemoglobina. Cannon, Maturana e Varela inventaram conceitos. Shannon abriu o continente da informação. Vernadsky observou a vida por um novo ângulo, como um fenômeno cósmico. Jacob e Monod decifraram mecanismos celulares fundamentais. Prigogine viu que as prosaicas "células de Bernard" nos ajudariam a compreender a relação entre entropia e vida. Wiener e Bertalanffy aproximaram engenharia e biologia, criando a cibernética. Gould formulou uma nova teoria em paleontologia. Noether e Franklin realizaram trabalhos decisivos, uma em matemática, outra em cristalografia, mas, sendo mulheres, pagaram o preço por brilhar num mundo de homens. Uma descrição abrangente desse processo, começando muito antes de ele tomar forma, ocupa a primeira parte do livro. A segunda parte expõe a gênese e o desenvolvimento de conceitos de origem não biológica, mas essenciais para compreender a vida: regulação, entropia, informação, complexidade, causalidade, probabilidade, forma e simetria. A terceira, enfim, discute o retorno do criacionismo, agora com roupagem científica, e reflete sobre a possibilidade de irmos além de Darwin. Responde a uma pergunta fundamental: precisamos de metafísica para entender a vida? "Estimulado por uma conversa preliminar com um biólogo", escrevi na Apresentação, "resolvi reunir uma parte do esforço do pensamento contemporâneo, organizá-la e comentá-la, deixando fluir livremente o diálogo entre as disciplinas científicas e entre ciência e filosofia. Outros autores mais qualificados e mais bem equipados poderão avaliar a minha tentativa e, se for o caso, usá-la como apoio para desenvolvimentos melhores. Neste caso, meu esforço terá sido recompensado. Ele vem à luz para ser criticado." |
Comprimento | 23 |
Edição | 1 |
Editora | EDITORA CONTRAPONTO |
ISBN | 9786556390208 |
Largura | 16 |
Páginas | 296 |